sexta-feira, 28 de outubro de 2016

Resenha: Creme Hidratante Facial 24h Sensitive Alva

A marca alemã Alva é renomada no meio dos cosméticos orgânicos e naturais, criada em 1988. Possui registro no PETA (ONG de proteção aos animais), ou seja, não faz testes em animais, além de trabalhar com produtos veganos,  que, no caso, são livres de substâncias como álcool, parabenos, derivados de petróleo (óleos minerais, parafinas, etc), silicones, ftalatos, tolueno, lauril sulfato de sódio, cloridrato de alumínio, PEGs (Polietilenoglicóis), liberadores de formaldeído, corantes e fragrâncias sintéticas, triclosan, metais pesados, talco e OGM (Organismos Geneticamente Modificados).
A Alva possui 12 linhas, destacando-se produtos que oferecem cuidados para diferentes tipos e necessidades de pele. É pioneira em maquiagem orgânica e vegana certificada no Brasil e na Europa, sendo, também, a primeira marca de cosméticos europeia a usar o polissacarídeo beta-glucano (extraído de levedura) em produtos de beleza, deixando-os mais eficazes no combate ao envelhecimento, a alergias e infecções.
De acordo com o site da marca:
Décadas de pesquisa em cosméticos sustentáveis garantem o nosso prestígio no Brasil e no mundo, mas o que torna os produtos da Alva tão únicos é aliar tecnologia ao zelo pela saúde, pelo meio ambiente e pelos animais. Nossos produtos oferecem resultados eficazes para o tratamento da pele e dos cabelos sem impactos negativos para os humanos e para a natureza.
No portfólio, encontra-se a linha Sensitive, que foi criada para as necessidades de peles sensíveis, contemplando problemas de alergias, eczema, dermatite e rosácea. É considerada uma linha Premium, dividida em 4 pilares: 1) possui um perfume desenvolvido na França que trabalha com aromaterapia para acalmar a pele; 2) dispõe de dois tipos de ácido hialurônico natural, um que age na derme e outro que age na epiderme regulando os tecidos e ajudando o colágeno na elasticidade na pele, o acido hialurônico que age na epiderme regula os que já tem e caso esteja em falta ele vai colocar mais, não sobrecarregando nossa pele de ácido hialurônico; 3) possui o sistema Beta Glucan  da Alva, extraído da célula tronco da levedura, que  é um poderoso fortalecedor do sistema imunológico; 4) contém poderosos óleos vegetais, como açaí, babaçu e argan.

A Sensitive oferece um hidratante corporal e produtos de cuidados diários para a pele do rosto (e pescoço/ colo), entre eles, o Creme Hidratante 24h.

Creme hidratente 24h Sensitive Alva. Figura: Alva Brasil.

Informações do Produto:
O Creme Hidratante 24h Sensitiv promove cuidados e proteção durante todo o dia. O ácido hialurônico traz maciez e firmeza, deixando a pele mais jovem e bonita. Óleos de babaçu, semente de uva e argan combatem o envelhecimento e proporcionam hidratação prolongada.
Quantidade: 30ml.

Composição:
Aqua, Isoamyl Laurate, Argania Spinosa Kernel Oil*, Vitis Vinifera Seed Oil*, Orbignya Oleifera Seed Oil*, Glyceryl Stearate Citrate, Cetearyl Alcohol, Euterpe Oleracea Fruit Oil*, Yeast Polysaccharide, Tocopherol, Sodium Hyaluronate, Galactoarabinan, Glyceryl Caprylate, Citric Acid, Xanthan Gum, Parfum, Sodium Phytate.
* Ingredientes Orgânicos
100% natural e 13% orgânico certificado pela Ecocert.

Recomendação de Uso:
Aplicar diariamente no rosto, pescoço e decote. Para um cuidado especial, adicionar uma gota do Óleo Anti-estresse [da mesma linha].

Minha opinião:
Quando comecei a usá-lo, ainda estava quente aqui no sul e a minha pele, que é mista, adaptou-se bem. É incrível o poder de hidratação desse creme. Ao fazer a higienização do rosto pela manhã, percebo que ficou uma camada sobre a pele, resultante da aplicação noturna, protegendo-a dos fatores externos. Claro que é difícil mensurar o poder de hidratação por 24 horas, proposta explícita no nome do produto, pois seria necessário ficar sem lavar e hidratar o rosto nesse período de tempo, mas por umas 16 horas eu sinto que funciona tranquilamente nesse quesito. Outro ponto positivo é que se pode utilizá-lo durante o dia e à noite, não necessitando de cremes distintos.
No inverno, que foi bastante frio em Porto Alegre, minha pele manteve-se com aparência bem hidratada e aveludada ao toque. Quando voltou a esquentar, no entanto, começou a pesar, ficando um pouco oleosa, principalmente no nariz e na testa. Creio que isso ocorreu pelo tempo prolongado de uso, pois não havia acontecido anteriormente.

O creme possui um cheiro bem suave, acredito que realmente não incomode pessoas alérgicas, e a textura média, tendo espalhabilidade e rendimento ótimos.

Textura do creme hidratante 24h Sensitive Alva. Foto: Lucile / (a)flora.

A marca sugere o uso do óleo anti-stress para um cuidado especial. Eu não o utilizei, mas a composição é bem interessante, formada por quatro óleos vegetais orgânicos, sendo eles: amêndoas doces, argan, açaí e sea buckthorn, além de um conservante e perfume.
Cabe destacar que é possível fazer uma versão do óleo em casa, embora não se chegue a um produto idêntico, devido à proporção utilizada de cada componente, que não é divulgada, e ao acesso a todos esses óleos oriundos de cultivos orgânicos, como os da marca. Tirando o sea buckthorn (Espinheiro do Mar), proveniente da Europa e Ásia, encontramos os demais aqui. Para substituí-lo, pode-se recorrer a óleos brasileiros como buriti ou barú, por exemplo, que contêm ótimas propriedades para a pele. Do mesmo modo, utilizar-se de apenas um dos mencionados também promoverá benefícios.

O único ponto negativo, que mudou recentemente, é a embalagem. A que eu tenho é a mostrada no início da resenha, de vidro e super resistente, que é linda, mas eu não considero prática por ter que retirar o conteúdo com os dedos ou espátula, fora que é pesada. Pelo formato, parece-me que a nova versão possui uma válvula pump, bem melhor! A fórmula continua a mesma.

Nova apresentação do Creme hidratante 24h Sensitive Alva.
Figura: Alva Brasil.

Por fim, destaca-se que há um hidratante da linha especialmente indicado para peles com rosácea, o hydrogel.


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quarta-feira, 19 de outubro de 2016

Agricultura Orgânica: uma breve introdução

A agricultura orgânica vem, cada vez mais, atraindo consumidores que buscam um estilo de vida consciente, respeitando os ciclos naturais da terra, em proveito da saúde e do meio ambiente, e os trabalhadores(as) rurais. Nesse contexto, empresas do ramo cosmético, assim como a indústria de alimentos, dão ênfase ao termo quando os seus insumos estão inseridos nessa lógica de produção, agregando valor ao produto final. Mas, afinal, o que é agricultura orgânica?

Espiral de ervas. Foto: arquivo pessoal.
 
Primeiramente, pontua-se que existe a questão conceitual e a questão legal.
Assim, em relação à primeira, pode-se dizer:
A agricultura orgânica é um sistema não-convencional de produção agrícola, de cultivo da terra, baseado em princípios ecológicos. Estes princípios básicos ecológicos de atuação abrangem o manejo dos recursos naturais e do solo, a nutrição vegetal, a proteção das plantas, a comercialização e processamento dos alimentos e os direitos socioeconômicos dos trabalhadores e produtores rurais.
A agricultura orgânica é um sistema de produção comprometido com a saúde, a ética e a cidadania do ser humano para contribuir na preservação da vida e da natureza. Busca utilizar de forma sustentável e racional os recursos naturais, empregando métodos tradicionais e as mais recentes tecnologias ecológicas na exploração da terra (PENTEADO, 2003, p. 16).

Em relação à segunda, no Brasil, a Lei 10.831, de 23 de dezembro de 2003, dispõe sobre a agricultura orgânica, definindo-a da seguinte forma:
Considera-se sistema orgânico de produção agropecuária todo aquele em que se adotam técnicas específicas, mediante a otimização do uso dos recursos naturais e socioeconômicos disponíveis e o respeito à integridade cultural das comunidades rurais, tendo por objetivo a sustentabilidade econômica e ecológica, a maximização dos benefícios sociais, a minimização da dependência de energia não-renovável, empregando, sempre que possível, métodos culturais, biológicos e mecânicos, em contraposição ao uso de materiais sintéticos, a eliminação do uso de organismos geneticamente modificados e radiações ionizantes, em qualquer fase do processo de produção, processamento, armazenamento, distribuição e comercialização, e a proteção do meio ambiente.
A agricultura orgânica, então, é um contraponto à vigente, conhecida como "convencional" e também como "química", cujas práticas dominantes são, sobretudo, oriundas da "Revolução Verde" (anos 1960), que ao contrário do que o nome sugere, baseia-se em um pacote de insumos químicos, tais como: adubos, inseticidas, fungicidas e herbicidas. Esse pacote trouxe consequências como a modificação de hábitos alimentares nas cidades, introduzindo produtos pouco adaptados às condições locais de cultivo. 

Enquanto a agricultura orgânica está focada nos ciclos naturais, buscando o equilíbrio do sistema, a química depende de recursos externos, que suprimem os processos naturais.

Diferenças entre agricultura orgânica e agricultura química [clique na imagem para ampliar].
Fonte: PENTEADO, 2003.
 
Os sistemas de produção orgânica possuem diversos métodos ou processos de cultivo agrícola, adotando os mesmos princípios básicos ecológicos, conhecidos na Europa e nos Estados Unidos como Agricultura Biológica e no Brasil como Agricultura Orgânica.

Entre as vertentes do movimento agroecológico, destacam-se, de acordo com Khatounian (2001) e Penteado (2003):
- Agricultura Orgânica
 O agrônomo inglês Albert Howard, junto aos seus auxiliares técnicos, deu início, em 1920, a uma das mais difundidas correntes do movimento orgânico, a agricultura orgânica. Howard adquiriu ampla experiência na Índia, então colônia britânica, desenvolvendo pesquisas onde observou que a adubação química produz excelentes resultados nos primeiros anos, caindo drasticamente após. Diferentemente, a agricultura tradicional dos camponeses na Índia resultava em rendimentos menores, mas constantes, utilizando-se de fertilizantes preparados com a mistura de excrementos animais com restos de culturas, cinzas e ervas daninhas, o chamado compost manure (esterco composto), que originou o termo composto usado hoje. Também, procurou demonstrar a relação da saúde e da resistência humana às doenças com a estrutura orgânica do solo.
Dessa forma, Howard, considerado fundador da agricultura orgânica, defendia o princípio básico do não uso de adubos artificiais e químicos minerais, mas sim do uso da matéria orgânica na melhoria da fertilidade do solo, a qual atua, segundo esse princípio, na eliminação das pragas e doenças, assim como na melhoria dos rendimentos e qualidade dos produtos agrícolas.
O método fora aprimorado pela pesquisadora inglesa Lady Eve Balfour, que transformou sua fazenda  de Suffolk, localizada na Inglaterra, em estação experimental. Em 1946, essa escola funda a entidade The Soil Association (atualmente uma certificadora), realizando diversas atividades e publicações, comparando a qualidade do solo em parcelas orgânicas, químicas ou mistas. A difusão de seus estudos reforçou a importância dos processos biológicos do solo, além da relação entre solo, planta, animal e a saúde dos seres humanos.
Nos Estados Unidos, Jerome Irving Rodale, seguidor de Howard, fundou um forte movimento em prol da agricultura orgânica, no final da década de 1940. O Rodale Institute, na Pensilvânia, realiza atividades de pesquisa, ensino e extensão até os dias atuais.

- Agricultura Biodinâmica
Inicialmente denominada Biologische Dynamische Landwirtschaft, fora desenvolvida a partir de conferências proferidas pelo austríaco Rudolf Steiner aos agricultores na Alemanha, em 1924, onde apresentou uma visão alternativa de agricultura baseada na ciência espiritual da antroposofia. Suas ideias influenciaram gerações de agrônomos(as) e agricultores(as), motivados(as) pelo rápido declínio das lavouras e criações submetidas às tecnologias centradas nos adubos químicos.
Esse método tinha como prerrogativa a moderna abordagem sistêmica, onde a propriedade é vista como um organismo, além do destaque da presença de bovinos como um dos elementos centrais para o equilíbrio do sistema. O que a diferencia das demais correntes orgânicas é basicamente dois pontos: 1) o uso de preparados biodinâmicos, que são substâncias de origem mineral, vegetal e animal altamente diluídas a fim de potencializar as forças naturais para vitalizar e estimular o crescimento das plantas ao serem aplicados no solo e sobre os vegetais; 2) efetuar os trabalhos agrícolas de acordo com o calendário astral, observando-se a posição da lua e dos planetas em relação às constelações.
É bastante difundida na Europa, principalmente nos países de língua e/ou influência germânica, desde universidades, centros de pesquisa, laboratórios de análises de resíduos até centro de produção de medicamentos naturais e homeopáticos. A escola biodinâmica foi a primeira a estabelecer um sistema de certificação para os seus produtos (Demeter), tendo um sistema próprio de distribuição e mercado, todo integrado aos princípios filosóficos e científicos amparados na teoria de Steiner. Esse método ocupa lugar na educação com a pedagogia Waldorf e na saúde com a Medicina Antroposófica.

- Agricultura Natural
 Essa corrente surgiu em meados dos anos 1930, quando o filósofo japonês Mokiti Okada funda uma religião baseada no princípio da purificação (hoje Igreja Messiânica), com um dos pilares na chamada agricultura natural ou Shizen Noho. O princípio desse método está ancorado nas atividades agrícolas enquanto potencializadoras dos processos naturais, evitando perdas no sistema. Essas ideias foram reforçadas e difundidas através das pesquisas do fitopatologista Masanobu Fukuoka, que, alimentando-se diretamente do Zen-Budismo, defendia a ideia de fertilizar o menos possível a produção, intentando manter o sistema agrícola o mais próximo dos sistemas naturais.
As particularidades desse sistema estão no uso de micro-organismos eficientes (EM),  selecionados pelo Professor Teruo Higa, da Universidade de Ryukiu, que são utilizados como inoculantes para o solo, planta e composto, e a não utilização de dejetos animais nos compostos, os quais aumentam o nível de nitratos na água potável, atraem insetos e proliferam parasitas, segundo argumentos dessa corrente.
Utiliza-se poda natural, semeadura de acordo com os ciclos lunares, uso mínimo de maquinaria agrícola e associação de cultivos para o controle de pragas e ervas invasoras.
No Brasil, a difusão inicial desse método esteve ligada à colônia japonesa, onde a Igreja Messiânica se estabeleceu. No estado de São Paulo, a Fundação Mokiti Okada possui estações experimentais, fornecendo os micro-organismos eficazes e certificando produtos orgânicos.

- Agricultura Biológica
Surge nos anos 1930 pelo biologista e político Dr. Hans Müller, que trabalhou na Suíça em estudos sobre fertilidade do solo e microbiologia, a agricultura organo-biológica, que ficou conhecida como agricultura biológica mais tarde. Os objetivos iniciais eram de cunho socioeconômico e político, visando a autonomia do(a) agricultor(a) e a comercialização direta. No entanto, essas ideias se concretizaram apenas por volta da década de 1960, quando o médico austríaco Peter Rusch as difundiu.
As preocupações dessa corrente eram similares às do movimento ecológico, como a proteção do meio ambiente, a qualidade biológica dos alimentos e o desenvolvimento de fontes de energia renováveis. Para Rusch, o principal era a integração das unidades de produção com o conjunto das atividades socioeconômicas regionais. O desenvolvimento da agricultura biológica ocorreu em etapas distintas, relacionadas aos contextos socioeconômicos e aos movimentos de ideias das épocas correspondentes.
Após a Segunda Guerra Mundial, os princípios foram introduzidos na França por consumidores e médicos inquietos com os efeitos alimentares na saúde humana. No início da década de 1960, o agrônomo Jean Boucher e o médico Raoul Lemaire criaram o método "Lemaire-Boucher", atribuindo um caráter comercial à prática, que preconizava o uso de substâncias marinhas comercializadas pela sociedade criada por ambos, entre outras coisas. 
Dentro do movimento da agricultura biológica, destacam-se dois pesquisadores franceses. Claude Aubert, que publicou  L'Agriculture Biologique: pourquoi et comment la pratiquer (1974), destacando a importância de manter a saúde dos solos para melhorar a saúde das plantas, e, por consequência, a das pessoas; e Francis Chaboussou, autor de Les Plantes Malades des Pesticides (1980), obra que contém a teoria da trofobiose, hoje considerada um dos pilares  da agricultura orgânica para explicar o comportamento da planta ante ao desequilíbrio nutricional e ao ataque de pragas e patógenos.
O movimento tem instituições dedicadas ao tema em diversos países, como na França (Fundação Nature & Progrès), na Alemanha (Associação Bioland) e na Suíça (Cooperativas Müller).


Nos anos 1970 e 80, no contexto da crise do petróleo, esses movimentos se multiplicaram, impulsionados pelo movimento da contracultura e da crescente consciência das questões ambientais. À agricultura, então altamente dependente de combustível fóssil, é reconhecida a sua fragilidade, motivando os Estados Unidos a admitirem essa realidade, que apresentava problemas sérios, comprometendo-se a identificar alternativas. Assim, volta-se a atenção às propostas das escolas não convencionais, sobretudo à orgânica e à biodinâmica.
Coletivamente, as técnicas estudadas foram denominadas de Alternative Agriculture (Agricultura Alternativa), termo que surge em 1977, na Holanda, com uma publicação do governo que reúne as correntes não convencionais. De nome homônimo, em 1989 é publicada uma obra clássica no assunto, capitaneada pelo Professor John Pesek, da Universidade de Iowa, a pedido e com recursos do Conselho Nacional de Pesquisa dos Estados Unidos.

Outros movimentos menores surgiram após ou paralelamente a esse período,  tais como:
- Permacultura
O movimento que deu início à permacultura surgiu na Austrália, utilizando as ideias da agricultura natural, trabalhadas por Dr. Bill Mollison e colaboradores(as), caracterizando-se como um sistema evolutivo integrado de espécies vegetais permanentes (ou perenes, de onde vem o nome), destacando-se as árvores, das quais se procuram espécies que supram o maior número possível das necessidades humanas, do amido ao tecido, além de animais ou autoperpetuantes úteis ao sistema.
A permacultura busca a manutenção dos sistemas agrossilvopastoris, visando o aproveitamento permanente dos espaços verticais da vegetação, adequando-se, particularmente, às regiões tropicais e subtropicais.  Objetiva imitar e reproduzir, de forma consciente e bem planificada, aspectos paisagísticos e energéticos que simulam os sistemas naturais, associando cultivos como forma de atingir a sustentabilidade. Atrela-se a um processo de zoneamento das atividades e das áreas de cultivo, pastagens e reflorestamento, considerando as instalações e os recursos naturais, envolvendo, assim, um processo de design, visando as conexões entre os elementos através de métodos ecológicos e viáveis economicamente. Pressupõe-se que deve atender às necessidades básicas sem poluir ou causar impacto, tornando-se autossustentável. Também, ocupa-se dos assuntos urbanos, como a construção de cidades ecologicamente adaptadas, minimizando a necessidade de recursos externos e maximizando os mecanismos naturais que possam contribuir para a satisfação das necessidades urbanas.
O habitante, a sua morada e o meio ambiente são vistos como um organismo vivo, onde os elementos não estão isoladas, mas intrinsecamente relacionados em um grande sistema. Por isso, o design em permacultura é pautado na natureza presente. Tudo é estudado para potencializar as funções e aproveitamento das partes desse sistema.
Considerando que o Brasil possui natureza predominantemente florestal, existe um potencial de contribuição ainda pouco explorado da permacultura. No entanto, há institutos de permacultura em diversos estados, assim como comunidades que adotaram as suas prerrogativas.

Vista do Instituto de Permacultura e Ecovilas da Pampa - IPEP/ RS, 2005.
Foto: arquivo pessoal.

 - Agrofloresta
Movimento iniciado na década de 1980 por Ernest Götsch, agricultor e pesquisador suíço, que desenvolveu a sua teoria e prática no Brasil. Inicialmente, trabalhando em agricultura, percorreu diversas partes do mundo implantando reflorestamento. A sua teoria tem princípios da permacultura.
Indica-se para pequenos(as) proprietários(as) de terras, principalmente aos que não dispõem de muito tempo e recurso para implantação e manutenção da área.
O princípio parte da consorciação ou sistema integrado de exploração de florestas e espécies tropicais (permanentes e anuais) e criação de animais, realizados em um mesmo local e tempo. O planejamento ocorre pela sucessão natural de espécies, na biodiversidade do ambiente e na recomposição natural das florestas.
As intervenções, no entanto, devem deixar um saldo positivo no balanço energético, econômico, na quantidade e na qualidade de vida de todas as pessoas envolvidas direta ou indiretamente, da mesma forma em que ocorre na natureza. As plantas incorporadas ao sistema têm função, atuação, ciclo de vida e estrato de cobertura de modo a não concorrerem entre si.


A partir dos anos 1980, uma disciplina de base científica passou a ser  empregada para designar um conjunto de práticas agrícolas alternativas, a Agroecologia. No entanto, os seus precursores (Dr. Miguel Altieri e Dr. Stephen Gliessman, ambos da Universidade da Califórnia), consideram o conceito mais amplo, que incorpora um discurso social:
Trata-se de uma nova abordagem que integra os princípios agronômicos, ecológicos e socioeconômicos à compreensão e avaliação do efeito das tecnologias sobre os sistemas agrícolas e a sociedade como um todo. Ela utiliza os agroecossistemas como unidade de estudo, ultrapassando a visão unidimensional - genética, agronomia, edafologia - incluindo dimensões ecológicas, sociais e culturais. Uma abordagem agroecológica incentiva os pesquisadores a penetrar no conhecimento e nas técnicas dos agricultores e a desenvolver agroecossistemas com uma dependência mínima de insumos agroquímicos e energéticos externos.
(...)
Na agroecologia, a preservação e a ampliação da biodiversidade dos agroecossistemas é o primeiro princípio utilizado para produzir auto-regulação e sustentabilidade. Quando a biodiversidade é restituída aos agroecossistemas, numerosas e compexas interações passam a estabelecer-se entre o solo, as plantas e os animais
(ALTIERI, 2004, p.18-19).
Na América Latina, o movimento da Agroecologia procura atender simultaneamente as necessidades de preservação ambiental e de promoção socioeconômica dos(as) pequenos(as) agricultores(as). Devido à exclusão política e social desses(as), o movimento caracterizou-se por uma clara orientação de fazer crescer seu insignificante peso político nas sociedades desses países. 
O chileno Miguel Altieri ligou as pontas da valorização da produção familiar camponesa com o movimento ambientalista nessa região, fazendo convergir a preocupação ambiental com a grave e crônica questão social latino-americana. Desse modo, a escola da agroecologia encontrou meio fértil no seio de organizações não governamentais ligadas ao desenvolvimento de comunidades rurais de pequenos agricultores. 
No Brasil, destaca-se a ONG AS-PTA - Agricultura Familiar e Agroecologia, que mantém um significativo esforço editorial. Dentre outras ONGs participantes dessa articulação, o trabalho do Centro de Agricultura Ecológica em Ipê, no Rio Grande do Sul, também é reconhecido pela sua relevância.

A semelhança, então, entre as diferentes correntes que formam a base da agricultura orgânica é a busca de um sistema de produção sustentável no tempo e no espaço, mediante o manejo e a proteção dos recursos naturais, sem a utilização de produtos químicos agressivos às pessoas e ao meio ambiente, mantendo o incremento da fertilidade e a vida dos solos, a biodiversidade e respeitando a integridade cultural dos agricultores.

Ramos do movimento agroecológico [clique na imagem para ampliar]
Fonte: PENTEADO, 2003.

Igualmente, esses métodos estão contemplados na Lei supracitada, estabelecendo que: "O conceito de sistema orgânico de produção agropecuária e industrial abrange os denominados: ecológico, biodinâmico, natural, regenerativo, biológico, agroecológicos, permacultura e outros que atendam os princípios estabelecidos por esta Lei".


Por último, como o próprio título sugere, essa é apenas uma abordagem inicial sobre o tema, que é riquíssimo em material e abarca outros processos que não foram descritos. Da mesma forma, outras correntes menores não foram descritas, como a ecológica, a regenerativa, a alternativa, etc. Cabe destacar que a separação dessas linhas constitui um campo teórico, que serve de parâmetros para certificações e pesquisas, e que na prática um mesmo estabelecimento rural pode valer-se de métodos que estão em categorias distintas, estabelecendo a sua própria dinâmica dentro do que se entende por agricultura alternativa ou orgânica. 



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Referências:
ALTIERI, M. Agroecologia: a dinâmica produtiva da agricultura sustentável. 4.ed. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2004. 110p.
BRASIL. Lei 10.831, de 23 de dezembro de 2003. Dispõe sobre a agricultura orgânica e dá outras providências. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/L10.831.htm Acesso: 17/10/2016.
KHATOUNIAN, C.A. A reconstrução ecológica da agricultura. Botucatu: Agroecológica, 2001. 345p.
PENTEADO, S.R. Introdução à agricultura orgânica. Viçosa: Aprenda Fácil, 2003. 235p.

quarta-feira, 5 de outubro de 2016

Resenha: Cativa Box

[ATUALIZAÇÃO: O SERVIÇO DE ASSINATURA ENCONTRA-SE INDISPONÍVEL]

Sempre tive receio de assinar alguma box de cosméticos, pois há chance de vir algum produto que não necessitamos no momento ou de não gostarmos de algo. Contudo, por conhecer diversos produtos da Cativa, resolvi fazer o teste.

A Cativa Natureza é uma empresa que gosto muito. Além de oferecer produtos orgânicos e rastreados, valoriza a biodiversidade brasileira na escolha dos seus insumos, isso significa estimular uma corrente de preservação de determinadas espécies, visto que o produtor pode ter um retorno financeiro ao cultivá-las, optando por mantê-las em sua propriedade a determinados (mono)cultivos exóticos, por exemplo.
Um dos fatores que considerei ao assinar foi a proposta de economia. Há duas opções de assinatura: um ou dois meses, sendo os valores de R$89,90 e R$159,90 (o que equivale a R$79,95 por mês), respectivamente.

Cativa Box [clique na imagem para ampliar]. Imagem: Cativa Natureza.

A box da cativa vem correspondente ao mês de aquisição, ou seja, mesmo efetuando a compra no final de determinado mês e pagando no início do mês seguinte, continua valendo a data da compra e não do pagamento.
Eu assinei nos meses de julho e agosto.

CATIVA NATUREZA BOX
Edição de Inverno (julho/2016)

Cativa Box - julho/2016. Foto: Lucile / (a)flora.


Produtos:
- Loção de limpeza facial Maria da Selva;
- Sabonete Lama Negra;
- Manteiga Hidratante Buriti;
- Seis sachês de chás Tribal Brasil;
- Amostra do gel dental;
- Amostra de sabonete capim limão.

A box de julho veio embrulhada em outra caixa de papelão maior, pois aproveitei para comprar um hidratante facial e um corporal, que juntos estavam com desconto, além do óleo essencial de alecrim.
Tudo veio muito bem embrulhado e caprichado. A caixa é super bonita e aproveitarei para guardar alguma coisa.

Somando os valores dos produtos full size da caixa, deu um total de R$102,80, o que gerou uma economia de R$22,85. Um valor considerável, que equivale a um pouco mais que o sabonete lama negra.
Sobre os produtos, simplesmente adorei os escolhidos! Não havia experimentado nenhum deles e utilizo outros de marcas distintas com as mesmas finalidades.

A manteiga andei testando, aproveitei que aqui no sul os dias estavam gélidos (na época em que recebi) para ter uma ideia de como ela age nessa época do ano em que o banho é escaldante e, para ajudar, o frio resseca a pele. Comecei passando apenas nas pernas, onde minha pele é mais ressecada, e posso adiantar que as primeiras impressões são muito boas no quesito hidratação. Contudo, o cheiro não é o que mais me agrada. Assim que abri o pote, o cheiro me lembrou alguma passagem da infância, até que cheguei ao xarope de criança... Depois, percebi que o aroma remete a frutas vermelhas, que para a minha sorte fica suave na pele.
No final, achei super positiva a primeira experiência, a qual me deixou plenamente satisfeita.

Green Box (agosto/ 2016)

Cativa Box - agosto/2016. Foto: Lucile / (a)flora.

Produtos:
- Sabonete Capim Limão;
- Tônico Capilar Maria da Selva;
- Espuma de limpeza facial Physalis Bioma do Sul;
- 3 chocolates Amma (50g cada);
- Amostra do gel dental;
- Amostra do sabonete líquido esfoliante para pele oleosa.

Confesso que criei uma grande expectativa, visto que adorei a primeira box.
Mesmo sem ter comprado outros produtos, a caixa veio embrulhada em outra maior. Achei desnecessário, pois aumenta o consumo de papel, resultando em mais lixo.

O valor dos produtos que vieram nessa caixa foi de R$89,00; como eu fiz assinatura bimestral, economizei R$9,05. Caso tivesse optado pela mensal, o valor seria equivalente aos produtos comprados individualmente (sem a assinatura), o que não é muito legal, visto que poderia ter escolhido outros pelo mesmo preço. No entanto, o ponto positivo é o frete grátis, o que o consumidor não obteria por esse valor (a Cativa proporciona frete grátis para todo o Brasil nas compras acima de 150,00), sem contar as amostras, que são caprichadas.

Quanto ao conteúdo da caixa, veio novamente um sabonete, o que não é problema para mim, pois utilizo sabonetes naturais e os da Cativa se enquadram nessa categoria e são ótimos, então não vou ficar acumulando produto.
A espuma facial utilizarei assim que o meu sabonete para o rosto terminar. Gostei muito da proposta de uma limpeza gentil com a pele e quero ver se ela remove protetor solar físico, que é mais grudento e difícil de retirar.
Agora, o tônico capilar me deixou insatisfeita na hora em que o vi na caixa. Esse é um tipo de produto que nem todo mundo usa, inclusive eu. Então, criarei uma necessidade que não tenho... Depois, pensando em como utilizá-lo, decidi que passarei no topo da cabeça, onde os meus cabelos nascem mais danificados, creio que por anos de tração física (constante uso de secador)... Esperarei esquentar mais para começar o uso, visto que no verão lavo os cabelos com mais frequência.


Considerações finais:
Prós:
É uma forma interessante de começar a adquirir produtos cosméticos naturais, se ainda não os consome. No caso de não gostar de algo da caixa, pode-se aproveitá-lo para presentear alguém, visto a qualidade diferenciada.
Para quem já está nessa linha de consumo, como eu, e não está precisando de algo específico, vale pela economia propiciada: considerando a das duas caixas, deu R$31,90 ao total, maior que os 12% prometidos para a box bimestral. 
Os produtos da marca possuem alto teor de insumos orgânicos rastreados, são naturais e certificados; e quase todo o portfólio é de produtos para consumo diário;

Contras:
Assim como mencionei na descrição da segunda box, a economia pode não valer a pena (como ocorreria com a box de agosto, se a assinatura fosse mensal).
Para quem está com pouco dinheiro e quer um produto específico, não é o mais indicado, pois a probabilidade de não ser contemplado é média/alta.

Ao final, como se vê, considero positiva a experiência e penso em voltar a assinar daqui a uns meses. Em breve, conforme for usando, postarei as resenhas dos produtos separadamente.
Por ora, aprovada!

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