terça-feira, 2 de agosto de 2016

Lugar a conhecer: APA da Baleia Franca (SC)

Se você tem uns dias de férias ou final de semana livre por agora, aí vai uma dica de lugar(es) a conhecer muito especial, a APA da Baleia Franca! APA (Área de Proteção Ambiental) é uma Unidade de Conservação (Lei Federal 9985/00), do Grupo das Unidades de Uso Sustentável, sendo assim caracterizada:
A Área de Proteção Ambiental é uma área em geral extensa, com um certo grau de ocupação humana, dotada de atributos abióticos, bióticos, estéticos ou culturais especialmente importantes para a qualidade de vida e o bem-estar das populações humanas, e tem como objetivos básicos proteger a diversidade biológica, disciplinar o processo de ocupação e assegurar a sustentabilidade do uso dos recursos naturais.

O que é a APA da Baleia Franca?
 
Baleias Franca (fêmea com filhote).
Foto: Projeto Baleia Franca.

Segundo o ICMBio (2016):
A Área de Proteção Ambiental da Baleia Franca localiza-se no litoral do sul de Santa Catarina, e foi criada pelo decreto federal s/nº em 14 de setembro de 2000. Com uma área de 156 mil hectares, 130 km de costa marítima, abrange nove municípios, desde o sul da ilha de Santa Catarina até o Balneário Rincão.

As finalidades da APA da Baleia Franca são proteger, em águas brasileiras, a baleia franca austral (Eubalaena australis), ordenar e garantir o uso racional dos recursos naturais da região, ordenar a ocupação e utilização do solo e das águas, ordenar o uso turístico e recreativo, as atividades de pesquisa e o tráfego local de embarcações e aeronaves.
Limites da APA da Baleia Franca.
Figura: http://www.imbituba.sc.gov.br/a-cidade/aspectos-ambientais


Qual a importância da APA da Baleia Franca?
Historicamente, as baleias franca foram quase extintas devido à caça indiscriminada no litoral brasileiro, desde os tempos do Brasil Colônia. Hoje, o desafio é outro: a perda de habitats, principalmente daqueles com importância reprodutiva, é reconhecidamente uma ameaça às espécies de cetáceos. Devido à degradação e ao uso desregulado dos ambientes costeiros, os grandes cetáceos - como a baleia franca, que dependem desses ambientes para a sua reprodução, podem ter sua viabilidade populacional muito afetada pelos impactos locais (PROJETO BALEIA FRANCA, 2016).
Infelizmente, todos os anos surgem baleias mortas na costa. Muitas encalham e não são resgatadas a tempo. Outras, no entanto, são afetadas diretamente pelas atividades humanas, como no caso das redes de pesca, na qual elas ficam presas e muitas vezes acabam morrendo.

Baleias franca (mãe e filhote) liberadas de uma rede de pesca.
Foto: http://dc.clicrbs.com.br/sc/noticias/noticia/2014/08/baleia-e-filhote-sao
-resgatados-de-rede-de-pesca-no-norte-da-ilha-de-santa-catarina-4567372.html


Filhote de baleia franca envolto em rede de pesca.
Foto: http://www.lagoadeibiraquera.com.br/imoveis/ver-artigo/16/2/
filhote-de-baleia-franca-se-enrosca-em-rede-de-pesca

Existe uma polêmica sobre o turismo embarcado para observação de baleias, que consiste em um passeio de barco com o intuito de aproximação e melhor avistamento dos animais, de modo a fomentar o turismo na região na época de baixa temporada. Atualmente, esta atividade está proibida, graças ao esforço do Instituto Sea Shepherd que, através de uma ação civil pública, movida em 2012, apresentou diversos impactos negativos aos quais esses animais estão sujeitos em decorrência do turismo embarcado, conforme alegações que podem ser conferidas em um parecer do Ministério Público Federal, parte do processo dessa disputa judicial. Entre elas, lê-se:
a aproximação dos barcos, além do risco de abalroamento com as baleias, também provoca a interrupção e perturbação no sistema de ecolocalização ou biossonar, que garante às baleias a percepção de posição e distância dos elementos a sua volta. Assim a interferência de outras ondas sonoras são extremamente prejudiciais para esses animais.
Nesse mesmo sentido, a organização Observação de Baleias Franca por Terra divulgou uma nota alegando que as baleias franca possuem um comportamento único entre os cetáceos, utilizando as enseadas da região que estão inseridas na APA da Baleia Franca, aproximando-se bastante da terra como proteção aos filhotes recém nascidos. Quando um barco entra na enseada, causa um distúrbio sonoro muito prejudicial, além disso, o som do motor bate nas laterais das enseadas e volta ao seu local de origem, causando uma cacofania sonora, molestando as baleias e suas crias.
Essa questão da proibição X liberação ainda não está encerrada judicialmente.

Relato de viagem:
Observar as baleias é uma experiência incrível... Ver um animal daquela dimensão no seu habitat é realmente emocionante, além disso, nessa época, as mães estão com os filhotes!! Eles são mais difíceis de enxergar, obviamente, mas se você der sorte, poderá vê-los juntos passando próximo aos rochedos da costa.

Baleias franca (fêmea com filhote).
Foto: Projeto Baleia Franca.

Essa é uma viagem surpresa, pois nada garante que uma ida às praias resultará num avistamento. É preciso ter sorte e/ou disposição para ficar bastante tempo em algum lugar à procura... Eu gosto desse momento de espera... Inclusive, acho uma ótima forma de meditação, estando presente na contemplação. Vale ficar de olho nas notícias! Normalmente, os habitantes locais sabem se teve alguma observação no dia.
Se você não tem muita paciência, talvez não seja o passeio ideal, mas, mesmo assim, você pode ser surpreendido e vê-las a qualquer momento!

Além das baleias, outros animais da fauna local podem ser vistos, principalmente aves!

Tucano-do-bico-verde / Praia do Rosa, SC.
Foto: arquivo pessoal.

Entre as praias que estão inseridas na APA da Baleia Franca, gosto muito de duas para fins de observação das baleias: o Rosa e a Silveira, localizadas no litoral sul de Santa Catarina.
 
A Praia do Rosa, pertencente ao município de Imbituba/ SC, tem uma ocupação relativamente grande, porém, ainda tem uma vegetação considerável. Não gosto de frequentá-la no verão, pois fica extremamente cheia (de gente, de carro, de barulho...).  No inverno, é possível desfrutar das belezas da praia em meio a um ambiente mais tranquilo, embora também haja movimento. Mesmo nesse período, há restaurantes abertos, assim como pousadas, ambos em número reduzido. Entre essas, tem para todos os tipos de bolso, encontrando-se com uma certa facilidade onde ficar.
Há vários caminhos para a beira da praia, alguns entre a vegetação de restinga. Para quem tem problemas de locomoção, é possível chegar de carro até a beira da praia. Quem curte caminhar, pode fazer trilhas para as praias adjacentes.
A observação das baleias é facilitada, pois há locais altos próximos ao mar. Além disso, perto da beira da praia, há uma lagoa onde é possível praticar stand up paddle (nessa época tem que levar o equipamento, no verão há disponível para aluguel).
Gosto muito da diversidade de ambientes que o Rosa possui, ainda mais com as cores do inverno.

Praia do Rosa/ SC.
Foto: http://www.imbituba.sc.gov.br/rotas-turisticas/praia-do-rosa

Praia do Rosa/ SC.
Foto: http://www.litoraldesantacatarina.com/dicas-de-passeios/praia-do-rosa/

A Praia da Silveira, em Garopaba/ SC, é mais deserta que a do Rosa, mas fica muito próxima ao centro de Garopaba, com um grau considerável de urbanização, dispondo de supermercados, restaurantes, lojas, etc. A Silveira possui uma ocupação menor, cercada por morros vegetados, o que também repercute na oferta de pousadas, que é bastante reduzida, o que encarece o valor da estadia. Os acessos principais são bons, e também é possível deslocar-se até a beira do mar com automóvel. A praia é mais aberta e bastante procurada por surfistas, com uma vista igualmente linda. Também é possível fazer trilhas para as praias lindeiras.

Praia da Silveira/ SC.
Foto: http://www.litoraldesantacatarina.com/foto/garopaba/silveira/1034/

Praia da Silveira/ SC.
Foto: http://www.garopaba.sc.gov.br/turismo/item/detalhe/446


A temporada reprodutiva das baleias franca é de julho a novembro, mas na segunda quinzena de agosto até a primeira de outubro as baleias costumam permanecer vários dias nas enseadas,  sendo o melhor período para observação na APA da Baleia Franca, de acordo com o Projeto Baleia Franca (2016).

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Referências
BRASIL. Lei nº. 9985, de 18 de julho de 2000. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9985.htm Acesso: 26/07/2016.
ICMBio - INSTITUTO CHICO MENDES DE CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE. Área de Proteção Ambiental da Baleia Franca. Disponível em:http://www.icmbio.gov.br/apabaleiafranca/ Acesso: 26/07/2016.
MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL. Parecer: APA Baleia Franca. Disponível em: http://www.prr4.mpf.mp.br/asscom/pareceres/AI%2050126534320134040000.pdf Acesso: 01/08/2016.
PROJETO BALEIA FRANCA. Disponível em:http://www.baleiafranca.org.br/Acesso: 28/07/2016.

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